
Em dezembro deste ano estreia o último filme da trilogia As Crônicas de Nárnia. Enquanto esse dia não chega, aproveitei para rever os dois primeiros filmes da saga e me joguei na leitura dos livros que deram origem aos filmes.
No total são sete livros, mas apenas três foram para as telonas (e quem tiver interesse, saiba que o volume único de Crônicas vive em promoção no site do Submarino!).
Os livros podem ser lidos independentes um do outro, mas claro que faz muito mais sentido ler todos e na sequência.
O que mais me prendeu nesta leitura, foi o fato de que o autor C.S. Lewis, faz um paradoxo bíblico com todas as histórias, desde a criação de Nárnia, comparável a criança na Terra descrita em Genêsis, até a figura de um leão como Deus, que representa o Leão de Judá, descrito também na Bíblia.
Dentro dessa inspiração, Lewis ainda mistura toda sua criatividade e visão de criança-grande para criar um mundo mágico, cheio de seres que não existem e animais falantes. É impossível não ler as páginas de Crônicas sem se transportar fisicamente para a Nárnia descrita com riqueza de detalhes, mas sem parecer chato, afinal, os livros foram feitos para criança, e criança tem um senso incrível para separar o que é legal do que é chato! Abaixo fiz uma breve descrição de cada livro e suas lições.
O Sobrinho do Mago
O primeiro livro conta como o tio das quatro crianças que conhecemos no primeiro filme, visitou a criação de Nárnia. Tudo começa com o leão, Aslam, cantando em um mundo escuro e sem forma, que vai ganhando vida. É também neste livro que conhecemos o despertar da Feiticeira, que no primeiro filme atazana a vida dos pequenos visitantes, e também o porquê de um guarda-roupa ser a porta para Nárnia futuramente. Esta história pode ser comparada com a criação do nosso mundo, e de como um mal, vindo de outro lugar, pode nascer pequeno, e depois tomar proporções quase indomáveis.

– Tenho certeza de que Aslam teria feito isso... se vocês tivessem pedido (Polly)
– Ele não saberia sem que a gente pedisse? (Digory)
– Claro. Mas acho que gosta que peçam. (Cavalo)
O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa
O segundo livro, adaptado como o primeiro filme, é considerado o melhor de todos os sete. Ele começa com a pequena Lucia encontrando um guarda-roupa que a leva para outro mundo, um lugar lindo, mas que faz muito frio. De cara ela conhece um elfo, fica amiga dele, e ouve a triste história de Nárnia, que está dominada por uma Feiticeira malvada, a culpada pelo inverno eterno. Mais tarde os três irmãos de Lucia (Pedro, Susana e Edmundo) também a seguem pelo guarda-roupa e conhecem esse lugar. Eles vão descobrir que estavam destinados a ir para Nárnia, e que existia uma profecia sobre quatro crianças humanas salvariam aquela terra do mal e reinariam em paz junto com Aslam. Este livro é comparável a ideia do messias que viria ao mundo para salvar os humanos, morreria, e mais tarde ressuscitaria, como acontece com o próprio leão da história, que se sacrifica por amor do povo narniano, e ressuscita depois.

(Aslam)
Príncipe Caspian
O terceiro livro foi adaptado como o segundo filme, e conta a história de Caspian, um príncipe perseguido e que encontra aliados na floresta para lutar e reivindicar seu trono. As quatro crianças retornam nesta história, e o ajudam na guerra. A comparação aqui pode ser feita em relação ao tempo que as pessoas passam longe da verdadeira paz, até o dia que retornam o pensamento para o que é bom. O melhor momento se passa com a pequena Lucia, que é a única com inocência o suficiente para enxergar o leão, mas por ser a mais nova não é levada a sério, essa sequência é um bom exemplo do que C.S. Lewis demonstra em todo livro: que precisamos ser crianças o suficiente para entender e viver bem no mundo que fomos colocados. E que devemos tratá-las como iguais, palavras do próprio autor no capitulo “Três maneiras de escrever para crianças”.

O Cavalo e seu Menino
Na minha humilde opinião, o quarto livro merecia pelo menos um spin-off da saga! Ok que ele não é dos mais importantes para a história, mas é um livro delicioso de ler, e um dos mais independentes entre todos. A história gira ao redor de um menino que desconhece sua origem e vive com um padrasto que às vezes o trata bem, às vezes não, mas como esse é o melhor que ele pensa que conseguirá da vida, segue sem reclamar.
Até o dia que conhece um cavalo falante que deseja voltar a sua terra natal: Nárnia. O menino quer ir junto, então o cavalo vira dono do menino e o leva, pois assim também não parecerá um cavalo abandonado. Os dois seguem uma incrível aventura de amizade e companheirismo.
Exceto pelo fato de que ambos estão a caminho de Nárnia, e que em certo momento o Leão aparece para ensiná-los uma importante lição, a história se passa paralela aos outro livros, durante o período que as quatro crianças ainda são reis e rainhas de Nárnia.
Inspirador, a história apresenta novas oportunidades de vida, o bem vencendo o mal aos 49 minutos do segundo tempo, e, mais uma vez, uma criança com espírito de herói que encontra seu destino da maneira mais bonita que alguém poderia escrever. Vale a leitura, da primeira até a última página.
A Viagem do Peregrino da Alvorada
O quinto livro foi o escolhido para ser a terceira e última adaptação da trilogia para as telonas. Nesta história apenas as duas crianças mais novas, Lúcia e Edmundo, retornam à Nárnia, junto com Eustáquio, o primo chato.
O Peregrimo da Alvorada é um navio, e sua missão é levar o príncipe Caspian e seus homens em uma viagem até o fim do mundo (já que lá o mundo não é redondo como o nosso, mas sim reto e possui um final). Eles passam por diversas ilhas e conhecem os mais distintos povos, cada um com uma importante lição a passar, seja para o bem ou para o mal.
Destaque para o ratinho Ripchip, que possui uma valentia irritante, mas um foco em seus sonhos de dar inveja ao mais bem sucedido empresário paulistano.
A leitura vale pela aventura imaginária, que falta fazer a brisa do mar bater em seu rosto enquanto lê as páginas no conforto do lar. E também pelo exemplo de caminhada espiritual e mental, que leva o ser humano ao amadurecimento e também a fazer escolhas, que podem mudar uma vida inteira.

(Principe Caspian)
A Cadeira de Prata
E como nem toda saga é perfeita, minha nota mínima vai para o sexto livro, que eu pularia, se não fosse importante para a leitura do último. Desta vez, os visitantes de Nárnia são apenas Eustáquio e sua amiga de escola, Jill, que irrita durante toda aventura, mas se redime mais tarde, no último livro. Os dois têm a missão de encontrar o filho desaparecido de Caspian, que já é bem velho. Aslam começa a história passando um mapa de instruções para a garota, que faz questão de errar quase todos os passos...
O titulo vem de uma cadeira de prata que representa algo que prende as pessoas nos seus erros e vícios. Por mais que tentem sair dela, estão presos, e quando se soltam não se lembram mais do desejo de acordar para uma vida melhor. Até o momento que, com a ajuda de amigos enviados por Aslam, é possível se livrar das amarras do passado e viver livremente.
A Última Batalha
A derradeira história é exatamente o que o titulo propõe. A última grande guerra que os narnianos enfrentarão será contra alguém que se passa por Aslam, mas também será contra eles mesmos. O confronto passa da personificação de um impostor para a briga interna contra uma mentalidade errônea e paradigmas enraizados que frutificam em dúvidas e incredulidades. O paralelo bíblico é facilmente feito com o também último livro sagrado: o Apocalise.
Assim como é encantador ver o nascer de Nárnia no primeiro livro, também dá uma dorzinha no estômago de testemunhar o fim dela. Mas o sorriso volta ao rosto no reencontro de todos os personagens queridos dos livros anteriores.

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ResponderExcluirAbraços.