terça-feira, 28 de outubro de 2014

‘Cantinflas’, a beleza da comédia


A lista de filmes estrelados por Mario Moreno, comediante mexicano conhecido por seu personagem Cantinflas, é robusta. São mais de 50 títulos no cinema. Sua agenda lotada, claro, era resultado da fama que ele alcançou entre os anos 1940 e 1960. A popularidade de Moreno ultrapassou os limites de seu país natal, feito raro para um artista latino na época, e chamou a atenção de Charles Chaplin, que apontou o rapaz como o maior comediante vivo de seu tempo.

Parte desta história é narrada na cinebiografia Cantinflas – A Magia da Comédia, em cartaz no Brasil e eleito pelo México como concorrente a uma vaga na categoria de melhor filme estrangeiro no Oscar 2015. Com a simplicidade de um Mazzaropi e o tom de comédia de um Roberto Bolaños, Cantinflas (vivido por Óscar Jaenada) nasce meio que sem querer no palco de um teatro itinerante no início dos anos 1930, onde Moreno começa a se descobrir como ator. Ele ganha fãs que o acompanham em palcos cada vez maiores até chegar às telonas.

No filme dirigido por Sebastian del Amo, o tempo se divide entre o início da carreira de Moreno, que tem seu primeiro contato com o palco ao assumir o posto de faxineiro de um teatro mequetrefe, e meados dos anos 1950, quando ele, já famoso, é sondado por um produtor de Hollywood para o filme A Volta ao Mundo em 80 Dias. Mais tarde, o longa ganharia cinco estatuetas no Oscar.



Além de ser uma história interessante, que passa por muitos outros momentos, como a luta política do ator por mais direitos para a classe artística e seu casamento de uma vida, a cinebiografia tem ainda o atrativo da beleza estética, que não para na fotografia, mas escorre para uma ótima produção de cenários e figurinos, sendo a cereja do bolo uma deliciosa trilha sonora.

A linguagem teatral, parte fundamental da formação de Moreno, domina o longa até mesmo quando não é Cantinflas o personagem em cena. A dramaticidade dos atores encontra suporte também nos efeitos sonoros e na trilha, que atinge seu ápice ao destacar fortes canções em espanhol, como o bolero Quizás, Quizás, entoada por Denise Gutiérrez, e Ríete De Amor Hasta Que Mueras, música tema na voz de Aleks Syntek.


Como não vi muitos dos demais concorrentes à cobiçada vaga de filme estrangeiro do Oscar é difícil dizer quais são as chance de Cantinflas entrar para a competição. Contudo, a leveza do filme, seu bom roteiro e a amabilidade de seu personagem principal fazem dele um candidato para, no mínimo, ficar de olho. 




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