O líder de indicações ao Oscar (12 no total), Lincoln, tem sido
apontado como o favorito, principalmente para algumas das categorias
mais importantes como melhor filme, melhor diretor, para Steven Spielberg, e melhor ator, para Daniel Day-Lewis. Particularmente, após as diversas vitórias de Argo em outras
premiações recentes, acho que o melhor filme ainda é uma categoria imprevisível,
e só saberemos de verdade o vencedor no dia 24 de fevereiro.
Tantas indicações não são à toa. O longa traz a união de
bons ingredientes para uma obra aclamada. A qualidade visual e sonora é impecável, o que vai lhe garantir alguns prêmios nas categorias técnicas do Oscar. O elenco
é excelente, e a caracterização de Day-Lewis como o presidente americano,
Abraham Lincoln, é perfeita. Sem falar que exaltar uma figura histórica dos
Estados Unidos deixa a Academia enlouquecida de emoção.
Porém, enquanto entretenimento, arte ou inspiração para
vida, o filme não convence, e parece uma superproduzida aula de história.
O roteiro foca nos últimos anos da guerra da secessão,
episódio no qual os Estados Unidos se dividem em dois e
um dos principais motivos é a possível abolição da escravidão, que não
interessava aos sulistas que precisavam da mão de obra escrava para manter sua
economia, e nem aos democratas, partido oposto a lei que libertaria a população
negra. Este é considerado um dos piores momentos da história do país, que matou quase um
milhão de pessoas ao longo dos quatro anos da guerra.
Reeleito, Lincoln decide que precisa libertar os escravos
antes do fim da guerra, utilizando o retorno da paz como argumento para muitos
dos conservadores que não tinham interesse na abolição. E como os fins
justificam os meios, outro ponto abordado foi a “compra” de votos na bancada
democrata, para que fosse possível a aprovação da lei.
O filme fica entre a vida politica e
por vezes a vida pessoal do presidente, com sua esposa meio louca, mas importante, e filhos. Para os estrangeiros pouco acostumados
com a história dos norte-americanos, uma contextualização é feita bem no
começo, o que ajuda um pouco. Outro recurso que Spielberg lança mão, este escolhido
até mesmo para os nativos do país que faltaram às aulas de história, é o do
roteiro repleto de detalhes. São muitas as explicações e até o jogo do fato e consequência,
que diz o que será feito, porque não será feito do outro jeito, e o que se
espera de resultado assim que o plano for realizado.
Tudo isso somado à longas 2h30 de filme e a fotografia escura,
faz com que seja necessário um esforcinho do espectador para não dormir ou
desistir de Lincoln na metade. É o famoso “é bom, mas é ruim”. No total, é filme
para americano ver. E se sair da noite do Oscar com a estatueta de melhor
filme, então será a prova de que a Academia só tem interesse em promover o
nacionalismo americano disfarçado de arte.
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