sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Amor da depressão



Ouvi muitas coisas sobre o filme Amor antes de assisti-lo. A maioria dos comentários dizia que era um absurdo de triste, e que deixou pessoas deprimidas por dias seguidos. Devidamente preparada, sentei com minhas emoções para ver o longa. Porém o que ninguém me avisou é que eu ficaria totalmente chocada e absorta com o fim.
Focada em um casal de idosos, a história acompanha o fim da vida da esposa, que sofre um derrame e passa a depender dos cuidados do marido para tarefas cotidianas. O progresso da doença e o aumento da dependência causados pela velhice é o mote que gera comoção na maioria do público.
Particularmente, o que mais me chamou a atenção nem foi tanto as dificuldades que a idade e a doença podem trazer para a vida de alguém, mas sim o amor entre o casal e a beleza deste relacionamento em uma forma tão pura e distinta. O título faz jus ao roteiro.


Diversos caminhos podem ser levados para contar uma história assim. Alguns até são citados, como a enfermeira que não cuida bem da paciente debilitada, ou do drama familiar que envolve filhos e dinheiro. Mas a trilha seguida pelo diretor foi a da sutileza. Da leve comparação de um passado não muito distante com um presente difícil de lidar. Do amor de um marido que não questiona nem um minuto sobre seu dever como cuidador da esposa. Da tristeza que é não ter mais poder sobre o próprio corpo, e até mesmo sobre a mente. E da espera pelo inevitável.
O cinema francês sempre me agradou e muito. E este é mais um exemplo de montagem bem feita e escolha de cenas criativas. Indicado a cinco categorias no Oscar (melhor filme, melhor roteiro, melhor diretor, melhor atriz e melhor filme estrangeiro), a produção foge da mesmice do tema, e creio que não terá nenhuma dificuldade em levar pelo menos a estatueta de melhor filme estrangeiro.


Realmente não é um filme fácil de digerir. A montagem é lenta, as cenas apresentam pouco movimento, por muitas vezes com diálogos no qual a câmera fica parada apenas em um dos personagens, e a velhice não é algo que muitas pessoas gostam de ver e até mesmo se imaginar um dia. Mesmo assim, Amor entra pra minha lista de filmes que mereciam ser aplaudidos de pé.
Me lembrou também de outra produção pela qual sou apaixonada, o argentino O Filho da Noiva. Este é bem menos triste, e trata com certo humor os problemas de uma mulher com Alzheimer e seu marido que quer realizar o grande sonho dela, antes que venha a falecer. Fica a dica, caso não esteja emocionalmente pronto para ver Amor, o outro pode te agradar um pouco mais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Você também vai gostar de...