Ouvi muitas coisas sobre o filme Amor antes de assisti-lo. A
maioria dos comentários dizia que era um absurdo de triste, e que deixou
pessoas deprimidas por dias seguidos. Devidamente preparada, sentei com minhas
emoções para ver o longa. Porém o que ninguém me avisou é que eu ficaria
totalmente chocada e absorta com o fim.
Focada em um casal de idosos, a história acompanha o fim da
vida da esposa, que sofre um derrame e passa a depender dos cuidados do marido
para tarefas cotidianas. O progresso da doença e o aumento da dependência causados pela velhice é o mote que gera comoção na maioria do
público.
Particularmente, o que mais me chamou a atenção nem foi
tanto as dificuldades que a idade e a doença podem trazer para a vida de
alguém, mas sim o amor entre o casal e a beleza deste relacionamento em uma
forma tão pura e distinta. O título faz jus ao roteiro.
Diversos caminhos podem ser levados para contar uma história
assim. Alguns até são citados, como a enfermeira que não cuida bem da paciente
debilitada, ou do drama familiar que envolve filhos e dinheiro. Mas a trilha seguida pelo diretor foi a da sutileza. Da leve comparação de um passado não muito
distante com um presente difícil de lidar. Do amor de um marido que não
questiona nem um minuto sobre seu dever como cuidador da esposa. Da tristeza
que é não ter mais poder sobre o próprio corpo, e até mesmo sobre a mente. E da
espera pelo inevitável.
O cinema francês sempre me agradou e muito. E este é mais um
exemplo de montagem bem feita e escolha de cenas criativas. Indicado a cinco
categorias no Oscar (melhor filme, melhor roteiro, melhor diretor, melhor atriz
e melhor filme estrangeiro), a produção foge da mesmice do tema, e creio que não terá nenhuma dificuldade em levar pelo menos a estatueta de melhor
filme estrangeiro.
Realmente não é um filme fácil de digerir. A montagem é
lenta, as cenas apresentam pouco movimento, por muitas vezes com diálogos no
qual a câmera fica parada apenas em um dos personagens, e a velhice não é algo
que muitas pessoas gostam de ver e até mesmo se imaginar um dia. Mesmo assim, Amor
entra pra minha lista de filmes que mereciam ser aplaudidos de pé.
Me lembrou também de outra produção pela qual sou apaixonada, o
argentino O Filho da Noiva. Este é bem menos triste, e trata com certo humor os
problemas de uma mulher com Alzheimer e seu marido que quer realizar
o grande sonho dela, antes que venha a falecer. Fica a dica, caso não esteja emocionalmente
pronto para ver Amor, o outro pode te agradar um pouco mais.
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