domingo, 4 de janeiro de 2015

‘Medianeras’ e o amor nas grandes cidades



Estou meio sumida do blog, mas vou tentar atualizar com algumas dicas para peneirar o variado e longo catálogo do site de streaming Netflix :)

Medianeras é o primeiro. O filme argentino se passa em Buenos Aires e seria simplório dizer que ele trata das solidões em grandes cidades. Apesar de ser essa a plot. No romance de 2011, dirigido por Gustavo Taretto, os jovens Martín (Javie Drolas) e Mariana (Pilar López de Ayala) são pessoas consideradas danificadas, que possuem dificuldades em se relacionar e ter amigos. Somado ao fator antissocial estão doenças como síndrome do pânico, fobias e depressão. Os dois vivem na mesma rua, de vez em quando se cruzam na calçada, mas isso não faz muita diferença em uma metrópole.



Em paralelo com o cotidiano dos dois está a poesia que se encontra em meio ao caos. O roteiro exala bons momentos de sensibilidade. Já nas primeiras cenas, Martín compara a falta de nexo entre a arquitetura da cidade, que, sem planejamento, cresceu com prédios que não possuem uma linguagem que os conecte. Para o protagonista, a confusão visual de Buenos Aires está diretamente ligada à confusão emocional de seus moradores, especialmente para ele, um rapaz que vive trancafiado em um pequeno apê, onde trabalha, faz compras e sobrevive com a ajuda da internet. Já Mariana é uma arquiteta, que enquanto não consegue trabalho na área se sustenta fazendo vitrines de lojas. Seu apartamento cheio de manequins é mais um vislumbre triste e belo da poesia do filme.

A crise econômica vivida pelo país é outro potencializador dos romances mal vividos pelos seus habitantes. Exemplificado pela ex-namorada de Martín, que o abandona para viver nos Estados Unidos e deixa com ele uma cachorrinha, um dos únicos motivos que o leva às ruas de vez em quando.


Apesar do cenário aparentemente triste, o filme tem um tom de humor sarcástico e a leveza do romance sem exageros. Bom para quem procura uma produção inteligente e gratificante. No balanço geral, risos são mais garantidos do que lágrimas.  

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