Para dar início a minha maratona Oscar 2013, corri atrás do prejuízo
assistindo ao filme Argo, em cartaz no Brasil desde novembro.
O longa de Ben Affleck, que dirigiu, produziu, atuou e fez o
cafézinho dos bastidores, conta o caso ocorrido em 1979, quando estudantes iranianos
invadiram o Consulado Americano e mantiveram em cativeiro por quase um ano os mais
de 50 funcionários do local. O pedido em troca da liberação dos reféns era a
retirada do asilo politico do Xá Pahlavi, concedido pelos americanos, e retorno
do mesmo ao Irã para ser julgado por seus crimes contra o país.
O roteiro foca no caso de seis americanos que conseguiram
escapar no momento da invasão e se esconderam na casa do embaixador canadense. Sem poder
sair do país, eles ficam no local a espera de um resgate norte-americano. É
então que o agente Tony Mendez, da CIA, desenvolve o absurdo plano que envolvia
um filme falso com produção canadense em busca de locações em Teerã. Dessa
maneira ele entraria disfarçado no país e retiraria com passaportes do Canadá
os seis foragidos.
Por abrigar tantas referências históricas e personagens
distintos, como policiais, artistas hollywoodianos e políticos, o
longa é rico em detalhes, diálogos e traços que dão ao espectador a chance de
rir em momentos engraçados e também de quase ter uma crise de ansiedade na
espera da resolução do suspense.
Óbvio que uma produção feita por americanos para contar uma
parte da história deles tem um “Q” nacionalista, mas não acho que foi 100%
tendencioso, talvez 95%... 98%. Em certos momentos o roteiro até contextualiza o pensamento
iraniano, e retrata rapidamente o tiro no pé que os próprios
americanos viveriam mais tarde ao financiar armas no Afeganistão, mas não absolve
o Irã da culpa e da vergonha do caso.
Enquanto obra artística, a produção mereceu o Globo de Ouro de
melhor filme e dificilmente ganhará o Oscar, mas definitivamente teria potencial
para tal feito. Todos os pontos são impecáveis. O roteiro é excelente, a
fotografia é ótima, assim como a caracterização dos personagens e da época. O
elenco conta com uma constelação de nomes, que não decepcionam em nada.
Levando ou não o Oscar, a gratificação maior fica
simplesmente com Ben Affleck por ter chegado até onde está e mais uma vez conseguiu
provar seus multitalentos e seu direito de permanecer fazendo história na
sétima arte.
Enquanto isso, na história real, os dois países não tem relações
até hoje. A embaixada americana retratada no longa, atualmente não passa de um
complexo de prédios e um centro cultural que mostra provas sobre como os
americanos são os vilões da história. E, segundo os iranianos, um filme em
resposta a Argo será produzido. #Tenso.
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