Na hora de ver um filme ele precisa antes se encaixar em uma das minhas categorias imaginárias. São elas: filmes para assistir na sessão da
tarde, para ver no computador ou em DVD, para ver no cinema e para ver em
cinema 3D. Sendo exatamente nessa ordem crescente o tipo de importância que
dou à produção.
As Aventuras de Pi é um filme para ver em cinema 3D, mais de
uma vez se possível. O longa é um dos mais bonitos que já vi na vida. A sensibilidade da história, unida a efeitos especiais tão mágicos
e um 3D tão particularmente bem pensado, me deixaram atônita e impressionada. Mais uma vez o diretor Ang Lee traz uma obra de arte em
forma de filme para as telonas, e mostra que é um dos melhores
cineastas da geração.
O filme foi baseado no livro A Vida de Pi, e
gira em torno de Pi Patel, um indiano com um grande senso de fé e imaginação. Ele
cresceu em uma pequena cidade da Índia e seus pais eram proprietários de um
zoológico, o que dá ao menino uma intimidade no cuidado e carinho com os
animais. Enquanto vive nesse cenário mágico, Pi se converte
a diferentes religiões em busca de Deus e paz de espirito.
Na adolescência, seus
pais decidem se mudar para o Canadá e vender os animais. Na
viagem de barco que leva todos para o continente americano, um trágico naufrágio
acontece e apenas Pi, uma zebra, um orangotango, uma hiena e um tigre bengala
sobrevivem no mesmo bote. Logo apenas o tigre e Pi ficam vivos e entram em uma
jornada em busca da sobrevivência.
Quase humanizado, o tigre se chama Richard Parker, e os dois criam uma relação
de medo e respeito que
ao longo da história evolui para a chance de ambos.
A história e os efeitos especiais dividem elegantemente o
peso do filme. Ambos são importantes e juntos encantam a cada nova cena.
Quase tudo foi gravado em um estúdio, onde foi
montado o falso oceano infinito que se mistura com o céu que se refletem como
um só. Peixes voadores, águas-vivas e baleias brilhantes enchem os olhos e não
deixam o cenário se tornar monótono. O destaque fica com a verossimilhança do
tigre recriado digitalmente. O animal foi feito pelos mesmos estúdios que
criaram o leão de Crônicas de Nárnia e é incrivelmente bonito e real.
A história não é apenas
sobre um garoto e um bicho náufragos à la Tom Hanks e Wilson. O roteiro traz uma
constante comparação de como a fé pode influenciar a razão, se tornando o
ponto de sobrevivência terrena, mas também com algo de salvação interior. O
livro traz mais que o filme as frases de efeito com pensamentos do rapaz, seus
questionamentos, sua luta para ver a beleza de uma situação triste e solitária,
e como crer no inacreditável pode ser algo que todos deveriam experimentar um
dia na vida.
Meu único arrependimento em relação As Aventuras de Pi é que
demorei muito a assisti-lo, por isso, se você ainda não viu ao filme, tente uma
sessão em 3D ainda essa semana, pois ele pode sair de cartaz em breve e essa experiência
vale a pena de ser vista na telona com bichos saltando na sua direção.
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