"O policial tem 3 opções: ou ele se corrompe, ou se omite, ou então vai para a guerra."
Há três anos estreou no Brasil o filme Tropa de Elite, dirigido por José Padilha e estrelado por Wagner Moura como o personagem principal capitão Nascimento, um tipo de Chuck Norris brasileiro, que liderava os caveiras do BOPE, no Rio de Janeiro.
Particularmente, nunca fui favorável a ideia “atira primeiro e pergunta depois” ou “bandido bom é bandido morto”. Achar que este tipo de atitude resolve a criminalidade e a violência em um país subdesenvolvido e enorme como o Brasil é o mesmo que colocar um band-aid infantil colorido em cima de um traumatismo craniano disfarçado de galo. O buraco é e sempre foi mais embaixo.
A falta de oportunidades, de educação e de tantos outros temas básicos para o desenvolvimento humano são a grande realidade do Brasil. Afinal, é mais fácil matar um “vagabundo” que dar a ele a oportunidade de se recuperar.
No entanto, todos estes pensamento não passam de ideologias baratas em Tropa de Elite. Mesmo com pensamentos distintos dos meus, gostei do filme por ressaltar outros pontos interessantes e não menos importantes, como a hipocrisia que anda solta no meio de pessoas que criticam a polícia, mas alimentam o crime consumindo drogas, ou simplesmente fechando seus olhos para a realidade ao redor, achando que uma caminhada pela paz surtirá algum efeito real além de ser exibido em algum jornal da rede Globo.
Misturar todos estes argumentos em meio a muitos tiros e a história de um anti-herói implacável, que treinou um dos exércitos mais marcantes da história do país, fez de Tropa de Elite um destaque entre os famosos favela’s movie. Sem esquecer que, tecnicamente falando, o filme é bem produzido, bem dirigido, e possui uma marcante trilha sonora.
"Para certas pessoas a guerra é a cura"
Seguindo a boa produção do primeiro filme, a continuação Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro, mantém a tensão, violência e tiros nada perdidos, porém acrescenta uma nova visão para o já cansado e 13 anos mais velho capitão Nascimento. Para ele bandido bom continua sendo bandido morto, porém leia-se não só bandido/favelado, mas sim bandido/bandido, de qual classe, idade ou profissão ele for. Seja ele o maior traficante da zona oeste do Rio de Janeiro, ou o próprio governador eleito no Estado.
Depois de duas horas de muito sangue, palavrões, tiros inesperados, e até o que pareceu ser uma referência a morte do jornalista Tim Lopes, Tropa de Elite 2 cumpriu sua missão de levar milhões de brasileiros a encararem a realidade de um Brasil comandado por políticos sujos patrocinados pela violência que não lhes interessa colocar fim. Afinal, como diz o próprio capitão: “O sistema é foda...”.
A mensagem final valeu pelo período de tensão no cinema, mas pena que a estreia foi depois do primeiro turno das eleições.
Dica de leitura: Tropa de Elite foi baseado no livro Elite da Tropa, escrito pelo Capitão Pimentel, possível dono do alterego Nascimento.
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