sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Quem quer ser Justin Bieber?


Minha estreia no cinema 3D foi bem inusitada. Como trabalho com cultura para adolescentes, há três anos, fui na cabine do filme Hannah Montana e Miley Cyrus: O Melhor dos Dois Mundos. Assumo que me diverti, não mais que as fofas fãs pré-adolescentes que também estavam na sessão. Uma mistura de show superprodução, com cenas dos bastidores do show o filme mostra a vida de Miley, atriz que vive a personagem Hannah Montana, e como é divertido viver sob os holofotes. Um ano depois, o mesmo recurso show + vida de famoso + telona em 3D foi usado por outra banda teen, os Jonas Brothers. Sem mudar em nada a fórmula, o filme não bateu Hannah nas bilheterias, mas ficou longe de ser um fracasso.
Como toda fórmula que dá certo deve continuar sendo repetida, o 3D da vez ficou com o cantor Justin Bieber, que ganhou seu rostinho estampado em um cartaz no cinema mais próximo da sua casa.
Diferentemente dos filmes de Miley e Jonas Brothers, a cinebiografia de Justin não foca apenas nos bastidores do show ou no frenesi das fãs. Never Say Never foi montado como um documentário musical, que conta a história de Justin desde sua infância batucando na mesa da cozinha, passando pela pré-adolescência com os concursos musicais e tocando na rua para ganhar uma graninha, até o momento de ser descoberto por um cara que o viu no YouTube e falou “isso pode dar certo”. Tudo isso com muitas imagens caseiras feitas pela família do menino na época.

"Descubra o que é possível se você não desiste nunca"

Se você não tem um adolescente ou criança fã do cantor em casa, na família ou na vizinhança, sei que provavelmente não terá muito interesse em gastar uma grana com o ingresso para sentar e assistir feliz ao filme.
Porém, se você é da área de áudio/visual, comunicação, marketing, etc. Então acho digno dar uma olhada na montagem que foi feita e talvez aprender um pouco com a combinação diretor disposto + artista do momento. Toda a cinebiografia é feita com detalhes, frames, efeitos e referências que conversam diretamente com a internet. Closes em telas de computador, uso de celular, e vídeos do YouTube se mesclam com cenas do supershow no The Madison Square Garden, em Nova York e do backstage da vida de Bieber. Sem breguices ou exageros.
Toda a história, inclusive as entrevistas, o relacionamento com o publico e a vida familiar, montam um longa que não exalta o cantor ao nível semi-deus-nasceu-pra-ter-sucesso. Pelo contrário, o forte do roteiro foi humanizar um menino, que aos 16 anos já balanceava a vida entre popstar que move milhões de dólares e garoto que brinca na quadra de basquete com os amigos. Justin parece um menino normal, que claro não é normal e aproveita para curtir muito o fato de ser o mais famoso do mundo. E ao contrário do que muita gente pensa, ele mostra que sempre teve talento. Uma das cenas mais marcantes é quando, em uma filmagem de celular, a mãe o mostra cantando em uma escadaria na rua, aos 12 anos. O violão é muito maior que ele, que ainda consegue tocar e cantar escondido atrás do instrumento. As pessoas na rua param para olhar e logo uma mini-multidão está parada ao redor para aplaudir no final.
Entre um take e outro ele também demonstra habilidade na arte de entreter. Carismático e falante, arranca sorrisos das pessoas desde pequenininho, e mais tarde, enquanto faz um teste para o já famoso cantor Usher, também encanta o rapper. Falando nele, Usher é figura quase principal no filme, afinal, foi ele que não perdeu tempo em conseguir um contrato, apostando no novo talento, e depois o levando para conhecer o produtor e famoso hitmaker L.A. Reid. Parcerias que renderam a capa abaixo.

"Quando o vi pensei: é o Macaulay Culkin da música" (L.A. Reid)

O clima “estou vivendo um sonho” é perceptível minuto a minuto e a ideia era justamente essa. O diretor, Jon Chu, provou que poderia mesmo biografar uma vida tão curta e aparentemente sem grandes feitos. Enfim, não senti as duas horas sentada no cinema, e na saída, enquanto pensava que o filme era legal, fiquei imaginando se não era minha influencia direta de conviver com o cantor e suas fãs todos os dias que me fazia pensar assim. Porém, quando cai na roda de jornalistas “adultos” não ouvi comentários ruins, pelo contrário, o carisma do franjinha mais famoso do mundo conquistou a todos, e daí surge a pergunta: o que é que esse menino tem? Eu não sei. Mas assumo que quem descobrir vai ficar milionário, assim como ele ficou.

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