quinta-feira, 15 de julho de 2010

A arte de brincar

Perdeu, cowboy"

Há exatos 15 anos, o mundo conheceu Woody e Buzz Lightyear, dois bonecos que disputavam amigavelmente o amor do dono Andy. Diante dele, os brinquedos não tinham vida, mas distante dos olhos humanos, seres falantes, temperamentais e com as emoções a flor da pele surgiam para a alegria dos espectadores.
Esses personagens de pano e plástico foram os responsáveis pelo primeiro degrau da escada que fez a Pixar e as animações 3D alcançarem o topo do mundo, financeira e artisticamente falando.
A garantia do sucesso veio não só da qualidade de Toy Story, inquestionável, mas principalmente da história comovente que toca desde crianças, que ainda possuem brinquedos, até o mais carrancudo adulto, que fica imaginando, por onde anda seu boneco favorito a essas horas.

“Andy está indo para a faculdade. Dá pra acreditar?” (Mãe)
“Eu só vou na sexta…” (Andy)
“E o que você vai fazer com esses brinquedos velhos?” (Mãe)

Nos cinemas, está em cartaz a terceira saga dos brinquedos que chegaram ao limite do inconstante destino de ficar a mercê do crescimento das crianças, que perdem o interesse nos pequenos seres que cumpriram bem a missão de alegrá-los, enquanto podiam.
No caso das estrelas do filme, Andy está indo para a faculdade, seus bonecos já estão há um bom tempo carentes, vivendo dentro de um baú. E, finalmente, o drama surge: pra onde vamos?
Muitas cenas depois, Buzz e companhia vão parar em uma creche, dominada por Lotso, um grande urso velho, que cheira morango e carrega a mágoa de um dia ter sido abandonado por sua criança. Sentimento compartilhado também pela cowgirl, Jessie, no segundo filme.
Aqui é fácil dizer que a humanização dos brinquedos e a forte indução a nostalgia de quem assiste ao longa e pensa em seu “Woody”, são os pontos fortes que fizeram muitos espectadores (inclusive essa que vos fala) saírem com o olho inchado da seção de cinema.

“Cadê sua criança agora?” (Lotso)

Mas no fundo... bem lá no fundo, meu lado psicóloga me fez lembrar de como era estar na pele de uma criança. Os sentimentos de solidão, abandono e impotência perante uma decisão vividos pelos brinquedos, são comparáveis aos sentidos quase que todos os dias pelas crianças, pequenas demais para resolver algo, opinar, e com o medo constante de serem deixadas para trás. Sentimentos que alguns continuam a carregar depois de crescidos, de maneira escancarada, ou escondidinho, lá dentro (eu disse que era bem no fundo...).
Mesmo cercados de pessoas, a solidão e o medo de ficar sozinho, são o novo mal do mundo. Que acabam criando adultos isolados, com medo de se relacionar (#LotsoFeelings).
Por sorte, Woody e os outros brinquedos conseguem superar esse medo, já o resto da humanidade, ainda estamos no aguardo.

“Woody, ele tem sido meu companheiro desde quando consigo me lembrar. Ele é corajoso, como um cowboy deve ser. E gentil, e inteligente. Mas o que torna Woody realmente especial, é que ele nunca desiste de você, nunca. Ele estará sempre ao seu lado, não importa o que aconteça”. (Andy)

Um comentário:

  1. Eu assisti este filme no último domingo. Fui com meu namorado e suas duas irmãs. Para não parecer uma boba ao lado deles, prendi o choro em muitas partes do filme, me condenei pelo nó na garganta que guardei. Quando a luz do cinema voltou, após os últimos nomes que corriam nos créditos, qual não foi a minha surpresa ao ver que não só as irmãs do meu namorado como ele mesmo estavam visivelmente emocionados com o filme. Valeria cada lágrima corrida. Lindo filme.

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