terça-feira, 4 de setembro de 2012

Um amigo para o fim do mundo



“A última missão para salvar a humanidade falhou. Acredita-se que o asteróide conhecido como Matilda vai colidir com a Terra exatamente daqui três semanas”.

Assim que vi o trailer que começa com a frase acima, a mesma que também dá inicio ao filme, fiquei ansiosa pela estreia de Procura-se um Amigo Para o Fim do Mundo. Tive uma longa fase voltada para temas apocalípticos, o problema é que, geralmente, o fim do mundo não é tratado com muito bom-humor ou sem muitas explosões. Por isso me encantei por esse roteiro com carinha de comédia. Mas vale avisar que se você está a fim de um filme superdivertido, de chorar de rir, e sair do cinema limpa e leve como lençol branco de propaganda de sabão em pó, esquece. Esse não é o programa que você procura. Mesmo que no cartaz diga que é uma comédia-romântica, ele está bem longe dos hits açucarados que os apaixonados costumam gostar. O romance e a comédia até têm seus momentos, mas o espaço para reflexão e a pitada de drama são os elementos que roubam a cena. Já que a pergunta que vai embora do cinema com você para casa é: o que faria se o mundo fosse acabar em três semanas?

"Então, o que que vai fazer com o resto da sua vida?" (Penny)
"Tirar um tempo pra mim, encontrar Deus, mudar algumas cadeiras de lugar..." (Dodge)

Não é de se admirar que no filme todos se revelam ao saber que o planeta tem prazo de validade marcado, e está próximo. Alguns tentam fazer tudo que nunca puderam antes. Como usar muitas drogas e beber loucamente, em festas cheias de pessoas desesperadas por viver os últimos momentos com o máximo de prazeres e sem proibições. Outras buscam a paz interior, a benção divina, muitas vão atrás de suas famílias, e outras tentam assimilar como morrerão sem nunca ter experimentado um verdadeiro amor.
Quem permeia todas essas histórias é o protagonista Dodge (Steve Carell), um vendedor de seguros que gosta de estabilidade, vida sem emoção e se não tivesse sido abandonado pela esposa logo na primeira cena, provavelmente teria passado as últimas semanas da Terra trabalhando no escritório e voltando para casa ao fim do dia. Mas ao ser deixado, Dodge fica meio perdido, tenta manter a rotina por alguns dias, e não aparenta ter nenhum tipo de grande desejo. Até conhecer Penny (Keira Knightley), a vizinha do andar de baixo com quem nunca falou e que em certo ponto admite ter segurado a correspondência de Dodge recebida por engano por meses. Neste engano estava a carta de Olívia, uma ex-namorada de Dodge e grande amor da vida dele, assumindo que nunca havia esquecido o rapaz. Após tal descoberta, Dodge e Penny partem em busca de Olívia, e no caminho diferentes pessoas e situações criam a trama como um todo.

“Quem é a garota, é a que foi embora?” (Penny)
“Bem, todas foram embora, mas ela foi a primeira.” (Dodge)

Enquanto Steve Carell é conhecido como o rei da comédia, na minha memória ele tem um espaço especial como Frank no drama-cômico Pequena Miss Sunshine. Lembrei desse papel durante Procure-se um Amigo, pois Steve também vive aqui um personagem tristonho, enfadado e com olhar vazio e distante. Como contraponto, a personagem de Keira é uma jovem ousada, aventureira, e que vivia trocando de namorados, em busca de um casamento perfeito como o de seus pais. A mistura dos dois começa meio forçada, demora a engatar, mas quando engata fica muito boa. Minha cena favorita é a final, por isso não posso falar sobre ela aqui para não estragar a surpresa de quem vai assistir.
Jogando limpo, o filme é muito sensível, com muitos diálogos que precisam ser subentendidos, e vale um espaço na sua agenda. Mas, como dito, não espere um pastelão americano para chorar de rir ou um filme para ver com toda a família. Aqui o objetivo é mesmo o de pensar sobre a brevidade da vida, as regras que seguimos ou deixamos de seguir, e entre uma reflexão e outra, dá pra rir e também chorar. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Você também vai gostar de...