Estranhamente, detesto escrever sobre coisas que sou fã. Provavelmente porque sinto que tenho muito a dizer e pouco espaço para isso. Mas, resumindo, sim, sou fã de Jogos Vorazes. De toda a trilogia na verdade.
Os livros são muito envolventes. Mesmo com uma história pesada e distópica (ui, palavra chique! Dá um google...), a narrativa é leve, com cenários muito bem descritos e uma surpresa após a outra.
Suzanne Collins é a escritora responsável pelos livros que começa com Jogos Vorazes seguido por Em Chamas (o melhor dos três) e Esperança (fim digno).
O primeiro que acaba de chegar adaptado para o cinema conta a história de Katniss, uma garota de 16 anos que vive no Distrito 12. Um lugar muito pobre e que tem como principal tarefa produzir carvão em suas minas.
Logo aprendemos que o Distrito 12 é o último de uma série de distritos numerados do 1 ao 12 e que servem a uma poderosa, rica e avançada Capital. Essa sociedade foi construída em um futuro não revelado. Cada distrito tem uma função de trabalho, como pesca, agricultura, material bélico, etc. Dependendo de suas funções, alguns são mais ricos que outros. E todos são fechados com cercas elétricas e “protegidos” por pacifistas, que seriam guardas da Capital que devem manter a ordem em cada lugar.
Se já não bastasse todo este cenário de dominação ditatorial, todos os anos, para celebrar a vitória da Capital contra a rebelião provocada pelo extinto Distrito 13, são promovidos os Jogos Vorazes, um reality show no qual dois adolescentes de cada distrito, entre 12 e 18 anos, são sorteados e levados para uma arena montada, e lá eles devem lutar até a morte. O último que restar ganha fama, dinheiro e, enfim, o direito de continuar vivo.
Que a sorte esteja sempre ao seu favor
A inspiração para a história veio de diferentes linhas, passando pela experiência pessoal da autora com seu pai que vivenciou a guerra do Vietnã, depois pelo mito grego de Teseu e o Minotauro, no qual a cidade de Creta entregava 14 adolescentes para serem devorados pelo monstro, até ele ser desafiado por Teseu. E, por fim, e que faz todo sentido, a grande inspiração para a história veio da nossa realidade atual, que diz respeito ao quanto nós estamos acostumados com a invasão de privacidade em reality shows vazios (Oi, Big Brother), e a assistir violência e mais violência em nossas TVs como se fosse a coisa mais normal do mundo #DatenaFeelings. Coincidentemente, quando eu estava terminando o último livro, o famoso caso do possível estupro no BBB veio a tona e comprovou que quando se trata de seres humanos, enclausurados como animais, tudo pode acontecer.
“Eu continuo pensando em uma maneira de mostrar que eles não são meus donos. Se eu vou morrer, eu quero continuar sendo eu.” (Peeta)
"Eu não posso me dar ao luxo de pensar assim." (Katniss)
Voltando para Katniss e a adaptação, óbvio que quem lê o livro sempre vai entender melhor uma história do que quem só vai ao cinema, mas a adaptação é digna. A principal diferença entre eles é que no livro toda narrativa é feita por Katniss, e a história só é entendida do ponto de vista dela. O que ela vê, o que ela imagina estar acontecendo em outro lugar, o que pode vir a acontecer. Já no filme a visão é geral. Temos outros pontos como os bastidores do programa, o que está acontecendo nos lugares onde os jogos estão sendo transmitidos e as reações desencadeadas a partir das atitudes da garota.
O filme começa com os personagens Seneca Crane (Wes Bentley), organizador dos jogos, e Caesar Flickerman (interpretado pelo ótimo Stanley Tucci), apresentador oficial da programação. A entrevista serve como introdução para o que afinal vai acontecer. Logo as cenas passam para o Distrito 12 e sua pobreza. Tudo com carinha de filme alternativo que foi feito com pouco dinheiro.
Tirando a parte do alternativo, Jogos Vorazes realmente foi feito com pouca verba, cerca de 70 milhões de dólares, o que é nada comparado com outros filmes que também demandam efeitos especiais e uma grande estrutura de cenário, produção, figurinos e atores experientes.
Exatamente por esse motivo, muita gente trabalhou por bem pouco dinheiro e os efeitos especiais são os que mais deixam a desejar. Mas espertos os que fizeram acordos com as rendas do filme, como a atriz principal Jennifer Lawrence. Pois o longa já é recorde de bilheteria nos Estados Unidos (e também no Brasil), e tem tudo para ser um dos mais rentáveis do ano.
“Eles só querem um bom show, é tudo que eles querem” (Gale)
“Seremos 24 lá, Gale, e apenas um sai vivo” (Katniss)
Além da pobreza e de um programa de TV violento, JV também tem um pouco de romance e drama familiar. Mas nada comparado com outros hits juvenis como saga Crepúsculo e Harry Potter. O foco principal da história é realmente a dominação, a desigualdade, o absurdo que a maldade humana pode chegar e a triste política por trás de tudo isso. O elenco está lindo. Jennifer é minha aposta de talento jovem. A garota que já foi indicada ao Oscar pelo filme Inverno da Alma está ótima, desde as cenas dramáticas até as de muita ação. Junto a ela brilham também o bonitinho Josh Hutcherson (Peeta), que junto com a protagonista meio que finge um romance para chamarem a atenção do público do programa, porém o fingimento vai virar algo mais. E outro que está ótimo é o mentor Haymitch (Woody Harrelson), o único vencedor do Distrito 12 que carrega com os traumas dos Jogos um sério alcoolismo e que agora deve instruí-los sobre o que fazer.
Como dito anteriormente, queria muito falar um milhão de coisas, listar as diferenças entre os distritos, o mapa do lugar, os relacionamentos de Katniss e a ótima trilha sonora. Mas vou me contentar em dizer que o filme fez jus a história. Conseguiu ser tenso e envolvente como a trama é, teve tristeza nos momentos certos, e reflexões em outros e até alguns momentos descontraídos. Por isso a recomendação de hoje é dupla, vá ao cinema ver o filme, mas leia aos livros que destrincham melhor estes pontos todos e prometem te tirar algumas noites de sono.
“Esperança é a única coisa maior que o medo” (Presidente Snow)
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