sexta-feira, 8 de julho de 2011

O futuro que me aguarde


Meu último encontro com Woody Allen foi em Tudo Pode Dar Certo. Fiquei tão entediada com o filme que decidi dar um tempo na nossa relação. Recuperada, e levemente com saudade, fui ao cinema assistir Meia-Noite em Paris. Elenco interessante e cenário mais interessante ainda, não consegui resistir.
O longa começa com uma belíssima trilha sonora (nesse ponto, Woody nunca me decepcionou) e cenas jogadas de Paris (sua linda!). O momento inicial já é hipnotizante.
Sempre procuro nos filmes de Allen o personagem que, na verdade, é seu alterego do momento. Lógico que Gil, vivido por Owen Wilson, é o responsável por falar e falar e falar e falar de novo e again tudo que Woody deve discutir quando janta com algum amigo em casa.


Woody e seus personagens no melhor estilo de volta para o passado

Gil é um roteirista de cinema hollywoodiano, que está cansado das histórias enlatadas e comerciais que produz em Los Angeles. Ao visitar a Cidade Luz, ele sente a nostalgia de alguém que gostaria de ter vivido em outro tempo, em outra cidade, com outro grande amor.
De repente, não mais que de repente, Gil passeia pelas ruas e acaba caindo em outro tempo. O tempo que ele sempre sonhou em viver. Lá ele encontra artistas como Fitzgerald, Hemingway, Cole Porter, Picasso, Salvador Dalí, Buñuel, entre outros. De Elza Fitzgerald até Hemingway, cada encontro é uma nova risada, depois, todo artista que aparece já vem com aquele sentimento de quando vemos um ator coadjuvante e tentamos decifrar de onde o conhecemos, e ainda emendamos o comentário: “Claro que é fulano! Fazia tempo que não via um filme com ele”.



Owen está muito bem, suas caras de “sério, eu estou na década de 20?” são engraçadíssimas e passam longe do pastelão. O diálogo a mesa com os surrealistas é meu favorito. Enquanto, no duelo de divas, Rachel McAdams perde feio para o charme de Marion Cotillard, que era quem deveria estar no cartaz de divulgação.
Resumindo, o filme é divertido, muito verbal (mesmo tendo uma das cidades mais bonitas do mundo como cenário), e se você admira os artistas acima citados, então corre para o cinema. E, no fim, em meio a tantos gênios da arte, reflito que gênio mesmo é aquele que entende que o melhor momento para se fazer algo e ser alguém é o agora. Viver de passado nem coisa de museu é mais. Gil entende que viver de nostalgia só o levou a dar passos para trás, que o tempo que ele tinha era o melhor para fazer sua arte e ter sua chance de, talvez, ser admirado por alguém no futuro.




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