Estou meio sumida do blog, mas vou tentar atualizar com algumas dicas para peneirar o variado e longo catálogo do site de streaming Netflix :)
Medianeras é o primeiro. O filme argentino se passa em
Buenos Aires e seria simplório dizer que ele trata das solidões em grandes
cidades. Apesar de ser essa a plot. No romance de 2011, dirigido por Gustavo
Taretto, os jovens Martín (Javie Drolas) e Mariana (Pilar López de Ayala) são pessoas consideradas danificadas, que possuem dificuldades em se relacionar e ter amigos. Somado ao fator antissocial estão
doenças como síndrome do pânico, fobias e depressão. Os dois vivem na mesma
rua, de vez em quando se cruzam na calçada, mas isso não faz muita diferença em
uma metrópole.
Em paralelo com o cotidiano dos dois está a poesia que se
encontra em meio ao caos. O roteiro exala bons momentos de sensibilidade. Já
nas primeiras cenas, Martín compara a falta de nexo entre a arquitetura da
cidade, que, sem planejamento, cresceu com prédios que não possuem uma linguagem
que os conecte. Para o protagonista, a confusão visual de Buenos Aires está
diretamente ligada à confusão emocional de seus moradores, especialmente para
ele, um rapaz que vive trancafiado em um pequeno apê, onde trabalha, faz compras e
sobrevive com a ajuda da internet. Já Mariana é uma arquiteta, que enquanto não
consegue trabalho na área se sustenta fazendo vitrines de lojas. Seu apartamento
cheio de manequins é mais um vislumbre triste e belo da poesia do filme.
A crise econômica vivida pelo país é outro potencializador
dos romances mal vividos pelos seus habitantes. Exemplificado pela ex-namorada
de Martín, que o abandona para viver nos Estados Unidos e deixa com ele uma
cachorrinha, um dos únicos motivos que o leva às ruas de vez em quando.
Apesar do cenário aparentemente triste, o filme tem um tom
de humor sarcástico e a leveza do romance sem exageros. Bom para quem procura
uma produção inteligente e gratificante. No balanço geral, risos são mais garantidos do que lágrimas.