terça-feira, 16 de outubro de 2012

Ruby Sparks




O belíssimo e divertido Pequena Miss Sunshine figura entre os primeiros na minha lista de filmes-favoritos-da-vida-ever. A produção que levou diversos prêmios, entre eles dois Oscars, se consagrou no mundo todo, e até ficou em cartaz por mais de um ano em São Paulo. Feito com poucos recursos e diretores estreantes, o longa cativou pela criatividade, simplicidade, e um roteiro inteligente e coeso.
Claro que quando eu soube que os mesmos diretores, Jonathan Dayton e Valerie Faris, estavam de volta com um novo filme me animei para assistir, mas não criei a expectativa de ver uma nova obra de arte, afinal, é sempre difícil atingir o patamar do primeiro grande sucesso.
E para minha surpresa, esse pensamento é parte da história de Ruby Sparks – A namorada perfeita, protagonizado por Paul Dano no papel de Calvin, um jovem escritor que fez muito sucesso com seu primeiro livro, mas que não consegue escrever outro. Considerado um gênio por todos, na verdade Calvin é o estereótipo exagerado de um escritor. Antissocial e egocêntrico, ele vive a margem de tudo, tem como únicos amigos seu irmão e seu terapeuta, e esse conjunto é associado a sua crise artística momentânea. 

Em uma noite qualquer, Calvin sonha com uma garota incrível e ela vira sua musa inspiradora para um novo livro. O escritor se apaixona pela moça, uma personagem que beira o típico livros do romantismo do início do século 19. Fantasiosa, supervalorizada e sentimentalista. Após escrever várias páginas, um dia Calvin acorda e se depara com sua criação em carne, osso e cabelo ruivo na cozinha da sua casa. Ruby sai da imaginação e aparece como uma jovem com todo o histórico e personalidade que Calvin descreveu, mais roupas infantis e atitudes desesperadas por cuidado e admiração. E maior é a surpresa quando ele descobre que todos conseguem vê-la, que ela é real, mas que continua a atender cada escrita do autor nas páginas de sua máquina de escrever. 

 “Esta é a história real e impossível do meu grande amor. Você pode achar que isso é magia. Mas apaixonar-se é mágico”

E esse é o auge do filme. Garota sai do livro, garota é estranha, garoto também, rola uma confusão e não sai muito disso. Ou seja, infelizmente o longa não passa perto da genialidade de Pequena Miss Sunshine. O roteiro não é tão divertido como parece, e a história nem é tão criativa assim. Enquanto assistia a Ruby e seu criador, lembrava de ótimos filmes que conseguiram fazer muito melhor essa mescla de livro e realidade como os longas A Adaptação e Mais Estranho que a Ficção, e até mesmo a produção infantil Coração de Tinta. Enfim, gente saindo de livro e entrando neles é algo bem last season.
Sem a arma da criatividade nas mãos, o que salva Ruby – A Namorada Perfeita de ser um desastre é o conjunto restante. Bons atores, boa trilha sonora, alguns momentos de reflexão, outros de risada (poucos, mas existem), e a esperança de que o casal de diretores supere essa crise artística e consiga um dia fazer outro grande filme como o primeiro. 



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