quinta-feira, 1 de março de 2012

Meryl (também) me fez chorar



Prosseguindo com minha maratona pós-Oscar, assisti A Dama de Ferro, um belíssimo filme que foca na história de Margaret Thatcher, ex-primeira ministra do Reino Unido que marcou a história da Europa e da política mundial, sendo a primeira mulher a liderar uma democracia moderna e única até hoje a ocupar tal cargo na Inglaterra.
O título do filme vem do apelido dado a ela. Conhecida por governar com pulso firme e uma boa pitada de intransigência, a dama de ferro acumulou inimigos políticos durante sua caminhada ao topo e até hoje é uma figura controversa que, querendo ou não, deixou um legado que ainda reflete no governo e na economia britânica.


“Qualquer mulher que entenda os problemas de cuidar de uma casa está muito perto de entender os de cuidar de um país”

O papel principal foi dado para Meryl Streep, que levou sua terceira estatueta do Oscar de melhor atriz. O que não é surpresa nenhuma, afinal, se coubesse a mim acho que teria dado todos os prêmios a ela nas 17 vezes que concorreu. Meryl tem aquele “Q” de atriz que veste o papel que lhe for dado. Simplesmente deixa de ser ela e se torna a outra mulher do roteiro. Voz, postura, feições, aparência... Aliás, palmas para seu maquiador J. Roy Helland, que a acompanha há 37 anos e que, além de ganhar destaque nos créditos, também levou o Oscar de melhor maquiagem.
Como diz o título do meu texto, Meryl Streep também me fez chorar, assim como George Clooney em Os Descendentes. Na verdade, até mais que George. O que provavelmente faz de mim uma mulherzinha que vai ao cinema em vez de uma crítica de cinema. Mas tanto faz. Achei lindo mostrar o lado sensível de uma das mulheres mais fortes da história. Alguém que colocou na cabeça que faria a diferença e que lutou por isso até o fim.


Insatisfeita com a política de seu país, e inspirada pelos discursos de seu pai, Margaret decide entrar na política, abre mão de sua juventude para estudar muito e conseguir uma vaga em Oxford. Depois, se acotovela com homens para entrar no parlamento inglês e, em 1959, se torna a primeira mulher a penetrar aquele espaço através de voto popular. Vinte anos depois, após passar por diversos cargos dentro do partido conservador, ela concorre para primeira ministra e se mantém neste posto por 11 anos, vencendo três eleições consecutivas.
Mesmo no mais alto cargo do parlamento, Thatcher ainda luta todos os dias para ser respeitada, o que a leva a assumir uma nova postura com exageros e por vezes abuso de poder.
Paralelamente a sua vida política, o filme apresenta com muita delicadeza seu casamento com Denis Thatcher, grande companheiro e quem a apoiou durante todo o caminho. Logo no início já sabemos que Margaret vive há muito tempo sem o esposo, que faleceu com câncer, mas que insiste em permanecer nos pensamentos dela.
Entre tantas cenas históricas e a vida pessoal da ex-ministra, os momentos mais marcantes ficam por conta de suas falas sobre ideias e liderança, sobre sua vontade de mudar o rumo da história e deixar sua marca. Enquanto os momentos mais comoventes ficam a cargo do romance com Dennis e a tristeza fatídica que acompanha uma velhice solitária conduzida por uma doença mental.



No fim, entre a mulher triste e confusa, intercalada com seus discursos fortes e decididos, Margaret é apresentada como uma figura que não seria má ou insegura, mas sim ambiciosa, que não negociava nada em prol de conseguir o que queria e se manter pelo que acreditava. Perdi as contas de quantas vezes em suas falas ela desafia seus oponentes usando argumentos como falta de coragem na hora de governar e tomar decisões pelo povo. E mesmo com diversas cenas enfrentando friamente homens e outros figurões da política mundial, um dos diálogos que mais gostei foi quando ao comparecer em uma consulta, Margaret encara seu médico com uma ótima fala sobre os problemas da geração que só sente, enquanto na verdade deveria fazer, e a relação de nossos pensamentos com o que realmente somos. Achei digno.


“Preste atenção em seus pensamentos, pois eles se tornarão palavras. Preste atenção em suas palavras, pois elas se tornarão ações. Preste atenção em suas ações, pois elas se tornarão hábitos. Preste atenção em seus hábitos, pois eles se tornarão seu caráter. Preste atenção em seu caráter, pois isso se tornará seu destino! Nós nos tornamos o que pensamos”

Atualmente, Margaret Thatcher tem 86 anos e, apenas registrado pelo filme, pode se dizer que conseguiu alcançar o que sempre quis: ela fez a diferença.



Um comentário:

  1. Oi Raquel!
    Adorei seu blog... saudade de vc!
    eu to loca pra assistir este filme... mas aqui em bauru, vc sabe... os filmes demorammmm pra chegar!!!

    eu ameiiiiiiiiiii os descendentes!!!!

    um bjao!

    Monica

    opinandoemtudo.blogspot.com

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