A nação acredita que quando falo, eu falo por eles, mas eu não consigo falar
Fazia tempo que um conjunto de filmes concorrentes ao Oscar não me entusiasmava tanto quanto a leva de selecionados neste ano. E o vencedor da noite, O Discurso do Rei, é um filme que não foge muito dos padrões “ganhei um Oscar”, mas é muito original, emocionante e esteticamente bonito de se ver.
Albert Frederick Arthur George, conhecido como o Rei George VI, foi levado pelo destino a ser rei da Inglaterra. Quem deveria ter assumido o posto era seu irmão, porém, pouco disposto a fazer história, ele decidiu abdicar e deixou para o rejeitado e gago caçula a tarefa de ser o símbolo de força e coragem em plena segunda Guerra Mundial. Um poço de complexos de inferioridade, George se submete a diversos tratamentos e especialistas, para curar a gagueira e possibilitar que ele exerça uma das funções mais importantes de um rei: fazer discursos.
Depois de tentar de tudo e mais um pouco, a esposa de George, Elisabeth I (vivida pela maravilhosa Helena Bonham Carter), encontra Lionel Logue (Geoffrey Rush), o fonoaudiólogo controverso e sem medo de enfrentar o rei em busca da sua cura.
“O que me irrita é que ele poderia ser um grande homem” (Lionel Logue)
“Bem, talvez ele não queira ser um grande homem. Talvez isso seja o que você quer” (Myrtle Logue)
O longa que parecia mais uma história trivial da insossa família real inglesa, demonstrou na verdade ser um roteiro de superação. A solidão da infância de George, a falta de amigos que um trabalho político envolve, as cobranças e correções desnecessárias as quais nos adaptamos ao longo da vida, e a necessidade de ser alguém para o qual você não se preparou, foram os ingredientes que deixaram o personagem principal tão interessante. Sorte nossa que Colin Firth interpretou belissimamente o “rei gago”. Impossível não se emocionar com a cena que ele finalmente se abre para Lionel, depois da morte do pai.
E não menos incrível, está Geoffrey, como Lionel. Engraçado, mas não boçal, Lionel é um mero plebeu, que se torna o melhor amigo que um rei poderia ter. E mais que um amigo, ele leva George a enfrentar os desafios, a acreditar em si mesmo, em sua voz, em sua coragem. Como recentemente ouvi, "existem dois tipos de pessoas elevadores, as que te levam para baixo, e as que te ajudam a chegar lá em cima”. Lionel é o amigo que leva para cima e, porque não dizer, muda a história de um país, apenas ajudando alguém a falar com eloqüência.
“Me escute” (George VI)
“Te escutar? Por qual direito devo te ouvir? (Lionel)
“Pelo direito divino, eu sou seu Rei” (George VI)
“Não, você não é, você me disse que não queria ser. Por que eu deveria perder meu tempo te ouvindo? (Lionel)
“Porque eu tenho o direito de ser ouvido. Eu tenho uma voz!” (George VI)
“Sim, você tem” (Lionel)
Além de um excelente roteiro, extremamente discursivo. O filme também tem ótimas locações e figurinos, a fotografia é linda e premiada, assim como os atores, que nunca antes chamaram tanto a atenção como neste trabalho. Veria de novo, e talvez eu veja!
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